segunda-feira, 30 de junho de 2014

Cavalhadas de S. Pedro - Ribeira Grande - Açores / Azores

Passado o Santo António e o São João, vem o São Pedro - e as "Cavalhadas da  Ribeira Grande".
Este ano vizitamos a zona onde nasce o "desfile": a Mafoma
.




Curioso, estes peculiares arranjos florais, pendurados em varandas e replicados na decoração interior da Igreja da Ribeira Seca. De alguma forma demonstram o peso da comparticipação concedida por cada familia à realização do evento (um arranjo floral por cada n€/$).
 






 
     
 
 
 





 
"Cavalhadas de São Pedro"
Sete vidas mais uma: Daniel de Sá

"As Cavalhadas da Ribeira Seca da Ribeira Grande são uma das tradições mais notáveis e famosas dos Açores. O nome deriva do Castelhano caballadas (de caballo), que se refere a vários tipos de provas de destreza equestre. Câmara Cascudo, no Dicionário de Folclore Brasileiro, define cavalhada como desfile a cavalo, corrida de cavaleiros, jogos de canas, jogo de argolinhas. As cavalhadas subsistem em muitas partes do Brasil, e as de Pirenópolis, no Estado de Goiás, ligadas às festas do Espírito Santo, seguem a tradição europeia da dramatização da luta de Rolando contra os Mouros, em Roncesvales, a célebre gesta dos Doze Pares de França. As primeiras cavalhadas de Pirenópolis aconteceram em 1826, sendo a maior parte dos seus habitantes oriunda do Norte de Portugal. Em Vildemoinhos, perto de Viseu, mantêm-se como desfile de cavaleiros vestidos de fato escuro e montando cavalos ajaezados. Resultam, segundo a tradição, de uma promessa feita a São João Baptista pelos moleiros, no caso de conseguirem sentença favorável de água para os seus moinhos, havendo quem pense que têm influência das Cavalhadas da Ribeira Seca. A primeira destas romagens à capela do santo, com os cavaleiros vestindo de negro, como os nobres, e com os cavalos ajaezados, terá sido em 1652. No entanto, no século XX passaram a incluir carros alegóricos, bandas de música, ranchos folclóricos e muitos outros elementos que não faziam parte da tradição.
 
Há a opinião generalizada de que as Cavalhadas da Ribeira Seca terão sido inspiradas nos jogos de canas. No entanto, essa influência, se realmente existiu, talvez não tenha ido além do facto de se tratar de um desfile de cavaleiros, vestidos com trajes coloridos e montando cavalos ajaezados.
 
Os jogos de canas consistiam numa simulação de luta entre dois grupos de cavaleiros, e eram assim chamados por ser uma cana que servia de lança de arremesso ou dardo. Para se defenderem, os cavaleiros usavam um escudo pequeno e redondo de coiro, a adarga. Há notícia de alguns destes combates realizados em São Miguel, sendo aquele de que se conhecem mais pormenores o que organizou o quinto Capitão da ilha, Rui Gonçalves da Câmara, o segundo que houve com este nome. Foi num dia de Páscoa, pouco tempo depois da subversão de Vila Franca do Campo em 1522. A folgança destinou-se a divertir a população de São Miguel, ainda muito abalada pelos trágicos acontecimentos daquela noite de 22 de Outubro. Os contendores de Ponta Delgada e da Lagoa lutaram contra cavaleiros da Ribeira Grande – a que se juntou alguma gente de Rabo de Peixe –, de Água de Pau e de Vila Franca. Vestiam trajes coloridos de seda, veludo e outros tecidos nobres. Os de Vila Franca, em sinal de luto, usaram apenas o preto e o roxo. Os cavalos, e mesmo uma besta que transportou as canas, estavam também ricamente adornados. O combate decorreu num terreno ao longo do mar, na Lagoa, onde o Capitão residiu algum tempo depois da tragédia. Veio muito povo, de toda a ilha, que assistiu num lugar mais alto, de modo a estarem todos protegidos de eventuais pisadelas dos cavalos ou de alguma cana que falhasse o alvo.
 
Muitos eram os cavaleiros que usavam mais do que um cavalo, porque a luta lhes exigia um grande esforço. Havia arranques e paragens constantes e corridas com mudança de direcção em ângulos apertados, numa espécie de bailado para fugir ao ataque dos adversários ou para tentar apanhá-los desprotegidos. Nesse jogo de canas houve um episódio que serve para perceber como, por vezes, essa simples diversão poderia tornar-se numa luta perigosa. Esteve ali presente o Abade de Moreira, que viveu alguns anos na Ribeira Grande, exímio na arte de cavalgar e de jogar as canas. Lutador incansável, levou consigo dois cavalos. Um dos adversários com quem lutou foi D. Manuel da Câmara, filho do Capitão, a quem atirou uma cana certeira que o moço defendeu com a adarga. A mãe, D. Filipa Coutinha, exaltou-se muito, considerando que o filho tinha direito a tratamento semelhante ao de El-Rei, a quem as canas não deviam visar o vulto mas ser lançadas por cima da cabeça. E, no seu destempero, gritou que matassem o abade. Este, homem forte e truculento, pegou num dardo e respondeu que viessem matá-lo, mas que antes deixaria ali cinco ou seis caídos para sempre. Mais sensato, Rui Gonçalves da Câmara entendeu que o filho não tinha direito a isenções, e mandou ao abade que lhe atirasse outra cana.
 
A origem das Cavalhadas – e neste ponto é indispensável evocar o Dr. Armando Cortes Rodrigues – é tida como resultante de uma promessa do próprio Capitão, que era então D. Manuel da Câmara e que já voltara a residir em Vila Franca. A lava da erupção de 1563 destruiu a maior parte da Ribeira Seca da Ribeira Grande, deixando porém intacta a igreja paroquial, dedicada a São Pedro. Apesar da devastação provocada, não houve nenhum morto na ilha por sua causa. D. Manuel da Câmara teria prometido ir cantar em verso a vida do apóstolo à porta da sua igreja, caso a família não sofresse consequências graves. E tê-lo-á feito indo de Vila Franca à Ribeira Seca a cavalo e acompanhado de homens que o serviam e dos mordomos do Espírito Santo. 
 
Ora, mesmo que se tenha por certa esta versão, não se percebe onde estará a dita derivação das Cavalhadas a partir dos jogos de canas. Talvez não mais do que nos trajes usados pelos cavaleiros, em que dominam o branco e o vermelho (as cores do Espírito Santo), pois que D. Manuel da Câmara e o seu séquito terão ido decerto com os ornamentos pessoais e dos cavalos que ostentariam em momentos de gala. E os jogos de canas eram um desses momentos especiais, tanto mais que costumavam ocorrer em dias de grande festa. A comitiva do Capitão terá dado sete voltas à igreja de S. Pedro, talvez evocando os dons do Espírito Santo, dirigindo-se depois à sua igreja da Misericórdia, para concluir o ritual com uma visita à ermida de Santo André, irmão de S. Pedro. Sem grandes alterações no essencial é este o percurso actual do cortejo, normalmente com mais de uma centena de participantes. São comandados pelo 'Rei', seguido de perto por três corneteiros que vão anunciando a aproximação e passagem dos cavaleiros. Tornou-se habitual que todo o grupo, que parte do Solar da Mafoma, na Ribeira Seca, visite também a Câmara Municipal, entoando loas à edilidade como reconhecimento pelo apoio que dela recebem." 
 






domingo, 29 de junho de 2014

Lagoa das Furnas - 2014 - Açores / Azores

Em dia de S. Pedro, de 2014 , estava assim:

  




 Outras visões sobre a cratera da Lagoa das Furnas:







Ribeira Quente -2014 - Açores / Azores

Em dia de S. Pedro, de 2014 , estava assim:
 

Lombo Gordo - Fajã do Araújo - 2014 - Açores / Azores


Em dia de S. Pedro, de 2014 , estava assim:


















sexta-feira, 27 de junho de 2014

Democracia - nas origens. (Segundo Moses I. Finley)

!Foram os Gregos, apesar de tudo, quem descobriu não apenas a democracia mas também a politica, a arte da tomada de decisões por discussão publica e, depois, obedecendo a essas decisões como condição necessária para a existência duma sociedade civilizada.!
(1973/1985: 13–14).


“ Se eu tivesse que escolher algo que melhor tenha caracterizado a condição de ser um líder político em Atenas, a palavra seria "tensão".”
         Capítulo 2, atenienses demagogos, p. 60

 "Pois é conflito combinado com consentimento, e não o consentimento sozinho, o que preserva a democracia da erosão em oligarquia".
         Capítulo 2, atenienses demagogos, p. 73

“O que é bom para um país? O que é o interesse nacional?”
         Capítulo 3, Democracia, Consenso e Interesse Nacional, p. 76

“De Aristófanes a Aristóteles, o ataque contra os demagogos sempre recaiu sobre uma questão central: submetido a que interesses é que o líder lidera?”
         Capítulo 2, atenienses demagogos, p. 43

“Uma sociedade genuinamente política, em que a discussão e o debate são uma técnica essencial, é uma sociedade cheia de riscos.”
         Capítulo 4, Sócrates e Depois, p. 140

“Nada inibiu os oradores do século IV, na assembleia ou nos tribunais de justiça, em ceder à calúnia selvagem, sem qualquer toque de humor.”
         Capítulo 5, Censura na Antiguidade Clássica, p. 171-172

“Líderes políticos, faltando-lhes documentos que pudessem ser mantidos em segredo, faltando-lhes mídia que poderiam controlar, eram necessariamente submetidos a uma relação directa e imediata com os seus eleitores e, portanto, sob seu controle mais intenso, mais direto e mais imediato.”
         Capítulo 1, líderes e seguidores, p. 18

“Talvez a mais conhecida, e certamente a mais elogiada, "descoberta" da pesquisa de opinião pública moderna é a indiferença e a ignorância da maioria do eleitorado nas democracias ocidentais.”

         Capítulo 1, líderes e seguidores, p. 3



quarta-feira, 25 de junho de 2014

O discurso do Ex. CEO da Coca Cola



O discurso mais curto do antigo Administrador da Coca Cola, Bryan Dyson (30 segundos)

"Imaginem a vida como um jogo no qual estão fazendo malabarismo com cinco bolas no ar. Elas são o Trabalho, Família, Saúde, Amigos e Espírito e você tenta mantê-las todas no ar.

Rapidamente você perceberá que o Trabalho é uma bola de borracha.  Se ela cair ela salta de volta.

Mas as outras quatro bolas – Família, Saúde, Amigos e Espírito – são de vidro. Se deixarem cair uma destas: elas ficarão irremediavelmente arranhadas, marcadas, nicadas, estragadas ou mesmo despedaçadas. Elas nunca mais serão as mesmas. Vocês devem entender isto e lutar por isso.

Trabalhem eficientemente no horário estabelecido e partam na hora prevista. Atribuam o tempo requerido à vossa Família, Amigos e tenham um descanso adequado.

O valor tem valor apenas se o seu valor é valorizado. "

Ponta Delgada - Dia de São João - 2014

 No dia de S. João, Ponta Delgada amanheceu assim.











S. João da Vila - 2014 (Vila Franca do Campo - Azores)

O "S. João da Vila" faz parte do calendário festivo da Ilha de S. Miguel. Não há na ilha quem nunca lá tenha ido e tenha assistido ao desfile ou visitado as "tascas" que se montam nas ruas próximas.

Este ano o S. João foi promovido por novo Presidente da Câmara e, assim, mais uma razão para ir espreitar as prováveis alterações. E aqui vão elas ... na forma visual: